Dia da Mulher: Mulher chefia mais domicílios, mas segue com menos direitos e oportunidades no trabalho
Os bons resultados do mercado de trabalho, devido ao crescimento de 3,5% do PIB, estão expressos na criação de 1,7 milhão de empregos com carteira, na queda do desemprego e no aumento recorde da massa salarial. Apesar desse cenário positivo, as desigualdades entre mulheres e homens no mercado de trabalho permanecem inabaláveis. As mulheres continuam com as maiores taxas de desemprego, os menores salários e ainda acumulam tarefas domésticas, incluindo atividades relacionadas aos cuidados de outras pessoas, atribuição que muitas ainda realizam além dos limites dos próprios lares, como trabalho remunerado. Ao mesmo tempo, desde 2022, elas passaram à frente dos homens na chefia dos lares brasileiros, tornando-se responsáveis por 52% dos domicílios. Nos lares monoparentais, aqueles onde apenas um adulto vive com os filhos, sem a presença de um cônjuge, a chefia feminina chegava a 92%.
Os dados são do Boletim Especial do Dieese usando os dados do 3º trimestre de 2024 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PnadC-IBGE). Também com base na PnadC, apresenta uma comparação de horas gastas com afazeres domésticos por homens e mulheres e, a partir de dados do Sistema Mediador, traz uma seleção de cláusulas de gênero negociadas por representantes dos trabalhadores e das empresas em 2023.
Veja as principais informações
Rendimentos mais baixos
Além das dificuldades para conseguir ocupação no mercado de trabalho, as mulheres também estavam mais concentradas em profissões que exigem menos qualificação formal e que recebem menores rendimentos. Uma em cada três (37%) mulheres ocupadas ganhava um salário mínimo ou menos.

Entre os ocupados com ensino superior completo, a diferença foi ainda maior: 27%. Em média, as mulheres que concluíram o ensino superior ganhavam R$ 2.899 a menos por mês do que os homens com o mesmo nível de educação. Já o rendimento médio das mulheres negras com ensino superior foi de R$ 3.964; o das mulheres não negras, de R$ 5.478, diferença de R$ 1.514.
Quando se compara rendimento médio das mulheres negras (R$ 3.964) e o dos homens não negros, ambos com ensino superior (R$ 8.849), a diferença é de R$ 4.885, o que evidencia o tamanho da discriminação. E mais: quanto mais alta a posição hierárquica no trabalho, maior a desigualdade.

Entre os trabalhadores que ocupam cargos de direção, as diferenças de remuneração foram grandes. Diretoras e gerentes mulheres ganharam, em média, R$ 6.798, enquanto os homens na mesma função receberam R$ 10.126, diferença de R$ 3.328 ao mês, que, em um ano, equivale a R$ 40 mil a menos para elas.

Tempo e responsabilidade com afazeres domésticos O uso do tempo sempre foi uma das principais pautas da disputa dos trabalhadores. Além da jornada de trabalho, muito tempo é gasto na realização afazeres domésticos, como limpeza, manutenção e o cuidado de membros da família, especialmente crianças e idosos. De novo, as mulheres são penalizadas com mais responsabilidades e tempo dedicado às tarefas domésticas.
